Como o acidente no Viaduto da Marginal pode promover reflexões sobre armazenagem arquivística segura.
Novembro 2018 – O caso do viaduto que cedeu na última quinta-feira, 15 de novembro, paralisou parte da Marginal Pinheiros causando um grande transtorno em São Paulo capital. No primeiro dia útil após o ocorrido, o trânsito ficou 25% acima da média só na parte da manhã, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). São inegáveis os impactos já causados, justamente porque o incidente mexe com o dia a dia da cidade mais populosa do País. Mas o que isso tem a ver com a Guarda de Documentos? Aparentemente nada, certo? Errado!
Nos dias que se seguiram após o acidente, nos deparamos com muitas notícias. Mas a mais intrigante delas para nós foi:
“Projeto de viaduto some, e prefeitura recorre a acervos e até a viúva de engenheiro”, da Folha de São Paulo.
Sim, o projeto sumiu. A obra de 1970 foi projetada em um convênio entre a antiga Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.) e o município de São Paulo. Hoje, 48 anos depois, ninguém tem ideia de onde encontrar o documento. A alternativa foi consultar a viúva do engenheiro responsável pelo viaduto para obter algum registro ou informação relevante, mas, infelizmente, ela já tinha se desfeito do acervo do esposo. Segundo o secretário de Obras, Vitor Aly, o projeto original pode ter se perdido em um incêndio, comprovando o fato de que não foi armazenado corretamente em um lugar seguro.
Filmagem SBT Brasil
O importante papel da Guarda de Documentos
Este caso serve para entendermos a importância dos documentos nas empresas e Governo. Se este projeto tivesse sido guardado adequadamente o cenário seria outro, podendo ter as obras aceleradas e a cidade devolvida à sua normalidade mais rapidamente. A realidade? Hoje, a falta de um único papel pode afetar uma cidade inteira!
É claro que será possível seguir o conserto do viaduto sem estes registros, porém de uma maneira muito mais difícil e morosa. E nesta demora, incluem-se também o tempo em que funcionários gastaram procurando pelos projetos oficiais da ponte, conversando com responsáveis envolvidos, entre outras consultas – que não devem ter sido poucas, tampouco rápidas.
Tempo e dinheiro desperdiçados
Especialistas continuam procurando, entre outras informações, pelo memorial de cálculo, um dos estudos mais importantes de uma construção. Como não foram encontrados documentos na Secretaria Municipal de Obras, a opção será buscar em outros acervos como da CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços), depositária desses documentos, e do DER (Departamento de Estradas de Rodagem).
A procura continuará, portanto ainda será despendido mais tempo e dinheiro. E com a mobilização de pessoas para resolver um problema que não deveria existir perde-se também produtividade em atividades relevantes para a resolução do caso. Todo esse desperdício de recursos poderia ter sido evitado com uma simples armazenagem de documento segura.